Minas Gerais possui 1.712 distritos, sendo 853 cidades, que são as sedes municipais, mais 859 vilas, que são as sedes distritais.Cada um mais charmoso, pitoresco e lindo que outro. Não dá para postar todos, por isso vocês vão conhecer Aiuruoca, o ref
Minas Gerais possui 1.712 distritos, sendo 853 cidades, que são as sedes municipais, mais 859 vilas, que são as sedes distritais.Cada um mais charmoso, pitoresco e lindo que outro. Não dá para postar todos, por isso vocês vão conhecer Aiuruoca, o refúgio dos dias quentes do verão no Sul de Minas.
No sul de Minas Gerais, a cidadezinha tem nos Vales do Matutu e dos Garcias seu ponto alto, onde não faltam belas cachoeiras e pousadas bem peculiares.
No domingo é dia de missa, evento social importante para os moradores da pequena cidade de Aiuruoca, no sul de Minas Gerais. Ali, o momento de devoção é coroado, ao cair da noite, por um animado forró na pracinha. Além da música, comandada por um DJ que, claro, ocupa o coreto, embala a festa um convidativo cheirinho de pipoca e cachorro-quente.
Mas o que vem tornando a região mais conhecida é a invejável vocação para o ecoturismo, graças à natureza prodigiosa, que se materializa na forma de montanhas vertiginosas e cachoeiras, as quais garantiram ao circuito turístico o sugestivo nome de Montanhas Mágicas da Serra da Mantiqueira.
Ali, o pano de fundo é a Serra do Papagaio, onde se ergue, majestoso, o pico homônimo, a 2.100 metros de altitude. O maciço de formato intrigante, que pode ser visto de muitos pontos, está encravado no Parque Estadual da Serra do Papagaio, que tem quase 30 mil hectares e abrange cinco municípios mineiros.
Rumo ao Vale do Matutu
O caminho para o Matutu é uma sucessão de paisagens vistosas. Iluminadas pelo sol, as montanhas vibram em tons que variam do verde ao alaranjado. De um lado, vê-se o Pico do Papagaio, imensa e onipresente escultura natural. Do outro, a Cabeça do Leão, outra fabulosa formação rochosa. A certa altura, uma alameda de eucaliptos gigantes margeia a estrada.
Se a fome bater, faça um pit stop no Kiko e Kika Restô, que fica no meio do caminho e é um dos poucos restaurantes do lugar. Filha de uma suíço-francesa e de um imigrante de São Tomé e Príncipe, Kika prepara trutas suculentas, as quais são defumadas por Kiko, francês da terceira geração de uma família que guarda sigilo absoluto sobre a técnica artesanal de defumação.
O espaço é agradável, debruçado sobre a mata, e o cardápio sugere: “Escolha o seu molho (para acompanhar o peixe) usando os sentidos”. De fato, os sentidos enlouquecem diante da lista de sabores, que inclui a truta defumada com molho de amoras, acompanhada de uma salada colorida e fresquinha vinda da horta do restaurante.
A chegada ao vale é um mergulho num santuário da natureza. O olhar se perde diante das cachoeiras, que poucos se arriscam a encarar no inverno, mas que são, sem dúvida, parte do precioso espetáculo. Não por acaso, os primeiros habitantes da região, os índios tupiguarani, batizaram o lugar de Matutu, palavra que significa “nascentes sagradas” ou “cabeceiras sagradas”.
A principal referência para quem chega é o Casarão Matutu, antiga sede de uma fazenda. Ali funcionam o centro de informações ao visitante, um serviço para contratação de guias e, nos feriados, o Café da Roça, que serve quitutes mineiros preparados em forno a lenha. O espaço é, ainda, sede da Associação de Moradores e Amigos do Matutu.
Ao lado desse ponto de apoio ficam a Coopera, entreposto de produtos alimentícios, e a Loja do Paiol, com boas peças do artesanato da região. Como são apenas cerca de 250 pessoas morando no vale, o comércio é bastante restrito. Assim, o turismo ali é para quem gosta de natureza, isolamento e sossego.
Os mais aventureiros podem programar um trekking para o Pico do Papagaio, passeio de um dia inteiro e com nível médio de dificuldade. A despeito de algumas subidas matadoras – uma delas leva cerca de 40 minutos para ser vencida –, os que encaram o desafio são brindados com paisagens que, tanto quanto a trilha, são de tirar o fôlego.
Aconchego na montanha
Viajar para o Matutu sem reservar antecipadamente uma pousada pode não dar certo. A região tem apenas seis delas, que atendem a um número limitado de visitantes. Rústicos, mas confortáveis, esses estabelecimentos procuram se integrar à natureza que os rodeia.
Instalada no alto de uma montanha, da qual se avista a Cachoeira do Fundo, a Casa de Hóspedes Patrimônio do Matutu oferece uma estada diferente – e uma experiência verdadeiramente sensorial. Os hóspedes deixam o carro estacionado junto ao Casarão e, a partir dali, seguem a pé, enquanto burros levam as bagagens. Além de apreciar a natureza, o percurso de aproximadamente 40 minutos é um “esquenta” para se adaptar ao ritmo da casa.
A pousada não tem energia elétrica, sendo iluminada, à noite, por velas . O chuveiro é aquecido a gás. O paladar não fica de fora dessa experiência, já que cada refeição na Patrimônio do Matutu é um acontecimento: há pães de pimenta, pizza de abobrinha grelhada, feijoada vegetariana... Uma slow food de categoria, em que predominam ingredientes produzidos e colhidos ali mesmo.
Mais próxima ao ponto de chegada ao vale, a Pousada Pedra Fina é a única a oferecer estada em chalés isolados. Tem um belo jardim, onde se escolhe entre repousar numa rede no gazebo, com vista para as montanhas e os bosques de araucárias, ou fazer uma sauna e arriscar um mergulho numa piscina natural cercada por uma cascata.
Construída e dirigida pelo casal Letícia Mendonça e Vitorio Marçolla, de Belo Horizonte (MG), a arquitetura da pousada segue o que se pode chamar de “estética Matutu”. Entre outras características, o reboco da parede não é liso, parecendo adobe, e as calhas feitas de bambu não destoam da paisagem. Com um perfil desses, a “balada” noturna é se enrolar num cobertor, pedir um chá e ver o céu coalhar de estrelas.
O jeito aiuruoquense de receber estende-se à culinária, muito bem representada por restaurantes como o Tia Iraci. A comida preparada no fogão a lenha é boa feito colo de mãe – e a simpatia da cozinheira é um tempero a mais. Do leitão à pururuca à quiche de aveia com cebola e queijo, as receitas de tia Iraci são unanimidade entre os comensais.
Nascida em Aiuruoca, a cozinheira conta com a assistência dos três filhos, dois deles estudantes da Escola Agrícola de Cruzília (MG). Os rapazes já ajudaram a mãe a incrementar a horta e a aprender novas formas de cultivo. Às sextas-feiras, são assadas as deliciosas broas de milho e as roscas com goiabada, enquanto pelo rádio, meio de comunicação mais usado no vale, começa-se a receber pedidos de encomenda. Eis duas guloseimas que não se pode deixar de trazer de lá.
Artesanato original
O artesanato é uma importante fonte de renda para os moradores e as peças primam pela originalidade. Um deles é o prisma de luz da loja Estrela d’Água, objeto que lembra um cristal multifacetado e que refrata a luz, produzindo um arco-íris ao seu redor. Além de bonitos, os prismas são utilizados pelo feng shui, técnica chinesa de harmonização de ambientes.
Os artesãos também produzem cadeiras rústicas, muito bacanas, feitas com candeias secas, por vezes resgatadas de incêndios florestais. Os móveis e portões feitos com essa madeira retorcida são uma marca registrada do vale, encontrados em muitos locais de lá.
O Spa Aroma do Vale é outra boa pedida, oferecendo um leque de opções de relaxamento e uma lojinha com produtos de aromaterapia e artesanato. O spa também dispõe de um aconchegante cantinho para tomar café orgânico e para provar lanches naturais. Uma dica é fazer a dobradinha massagem terapêutica e banho de ofurô, com ervas e flores. O velho e bom escaldapés, outro tratamento que integra o menu, é uma dádiva, principalmente depois de uma longa caminhada.
Vale dos Garcias
Outra vantagem de ficar em Aiuruoca é estar mais próximo do Vale dos Garcias, cujo acesso fica bem perto do centro. Percorrendo cerca de 10 km de estrada de terra, chega-se à majestosa cachoeira que nomeia esse vale, dona de uma queda de 25 metros de altura que desaba num poço amplo e cristalino.