Amizade

Estou lendo um livro em que mostra como pode ser perigosa a amizade de alguém que se alegra em prejudicar o outro. Não nos damos conta, muitas vezes, do que vai na cabeça de certas pessoas.

            Estou lendo um livro em que mostra como pode ser perigosa a amizade de alguém que se alegra em prejudicar o outro. Não nos damos conta, muitas vezes, do que vai na cabeça de certas pessoas. Parecem boas, amigas, mas podem causar muito mal, normalmente inconscientemente. Precisamos saber, muito bem, o que pensamos da vida, o que queremos para nós, qual nossa opinião sobre assuntos polêmicos, como política, religião ou outros quaisquer. Precisamos saber onde estamos, diante de qualquer situação, para que não haja influência de outra pessoa, em assuntos que podem nos fazer seguir outros rumos, diferentes daqueles preferidos por nós. Nem sempre é fácil. Precisamos da opinião dos outros, principalmente as mulheres, para sabermos se estamos no caminho certo. Quem, além da gente, pode saber como devemos agir? Por mais que a situação seja clara e que o melhor caminho possa ser visto por outras pessoas, não se sabe se será bom para nós.

            Depois que passa, dá para ver se erramos ou acertamos, mas enquanto a situação está acontecendo e depende de decisões, o melhor é pensarmos com calma, avaliar e decidir pelo melhor jeito, mesmo que depois se constate que não foi uma boa decisão. Pena, mas pelo menos foi a melhor idéia que pudemos ter naquele momento. Sempre fazemos o que dá e só o que é possível. Diante de algum problema, decidimos coisas baseadas em nossa história pessoal, nossas experiências e, mesmo que não se acerte, pelo menos fizemos o que foi melhor naquele instante e por isso não devemos nos arrepender de nada. Agora, ir pela cabeça dos outros, se não der certo a gente aponta o dedo, injustamente, porque não precisamos aceitar a opinião de outra pessoa. As conseqüências de uma decisão nossa, é sempre nossa, por mais palpite que se tenha recebido.

            Claro que na teoria fica fácil. Quando olhamos para trás e pensamos, “puxa, por que fui escolher aquele caminho? Eu deveria ter optado pelo outro”, é um sentimento duro e que nos leva ao arrependimento, porém, naquele momento a decisão foi aquela... Agüentar um pouco as conseqüências de nossas decisões nos dá força e aprendizado, nos amadurece e nos ensina a ver a situação de outra forma em outras ocasiões.

            A amizade é muito importante e algo gratificante para cada um de nós; nos alegra, nos faz companhia, nos ouve e participa da vida da gente, como se carregasse dentro dela uma parte da nossa vida. Uma boa amiga nos é leal e nos compreende; cuida para não opinar conforme seu gosto e sim coloca-se em nosso lugar para poder nos ajudar. Muitas vezes percebo que uma amiga me diz coisas que podem me ajudar, mesmo sabendo que ela não faria isso se fosse com ela. Isso é ser amiga, sem egoísmo, sem interesse.

            Mas tem aquela amiga que não se dá conta de como está nos prejudicando. Parece sugar nossa jugular, querer tirar toda a nossa energia e fazer com que a gente se sinta impotente diante de seus problemas. E a gente fica impotente mesmo, pois essa pessoa parece querer ter razão e nem se dá conta de como está pesada e criando suas próprias armadilhas. Nos causa pena sentir que a amiga tornou-se impermeável, sem qualquer abertura para compreender a vida de uma outra forma e que dessa forma vai continuar sofrendo e nos fazendo sofrer. Quem somos nós para mostrar ao outro um outro lado? Somos sim alguém que pode ser importante, ou não. Podemos ajudar, podemos acrescentar, estimular, dar a mão, podemos ser alguém importante na vida do outro. Mas para isso, precisamos olhar pelos olhos do outro para podermos entendê-lo.

            Os valores que carregamos nos são caros e devem ser respeitados. Um amigo que sabe como respeitá-los, é um bom amigo.

Beatriz Aratangy Berger

Psicóloga Clínica