Hoje vou mostrar um livro de ficção e política. Confira A Revolta de Atlas.
A Revolta de Atlas:
Hoje vou mostrar um livro de ficção e política. Confira A Revolta de Atlas.
A Revolta de Atlas é um romance volumoso e mais político, classificado por muitos como a obra prima da ficção da autora, devido ao enorme sucesso nos Estados Unidos. Segundo alguns é o livro mais vendido nos E.U.A. depois da Bíblia Sagrada. Reflexão? Sim, os livros de Ayn Rand não são livros para serem simplesmente lidos e só. São livros (três volumes) que evocam reflexões filosóficas. Obras em que seus personagens são projeções de homens ideais, representações de ideais éticos e filosóficos, muitas vezes totalmente desconhecida entre nós.
A filosofia do objetivismo pode ser resumida em quatro princípios básicos: a) a realidade objetiva existe, independente da observação do homem; b) a razão é o único meio de o homem apreender o real; c) cada indivíduo é um fim em si mesmo, não devendo sacrificar suas vidas por outros, nem sacrificar os outros por si; d) o capitalismo é o único sistema moral capaz de garantir as liberdades políticas econômicas e individuais. Ela trata o romance como um meio para expor a sua visão de mundo.
Muito se tem falado a respeito de Ayn Rand como a inspiradora de uma dissidência da direita republicana nos E.U.A., Tea Party. Sobre essa questão quem poderia falar algo a respeito foi um dos seus grandes seguidores Allan Greenspann. Em seu livro “A Era da Turbulência” o capítulo reservado aos economistas, Allan Greespan comenta sobre a influência de Ayn Rand sobre suas ideias políticas.
Rand nos mostra em “A Revolta de Atlas” que a liberdade da sociedade americana é responsável por suas maiores conquistas. No século XIX, os inventores e empresários criaram uma onda de inovações que elevaram o padrão de vida a níveis sem precedentes e mudou para sempre a maneira como as pessoas vivem.
A autora, que pesquisou exaustivamente a história do capitalismo, estava bem consciente dos progressos realizados durante o século XIX, este período de liberdade econômica e de grandes invenções, como: o telégrafo - um dispositivo melhorado mais tarde por Thomas Edison, que propiciou a invenção do fonógrafo; a luz elétrica e do projetor do cinema, entre outros.
Esses exemplos nos mostram que o caminho mais curto para se obter sucesso empresarial é ir ao encontro das demandas pré-existentes. E para que esse sucesso seja alcançado, a liberdade econômica é fundamental. Criar uma nova demanda exigem um certo grau de risco, mas é exatamente por esse caminho que Steve Jobs, Bill Gates e tantos outros se sobressaem. Visionários são líderes fundamentais para o sucesso empresarial nos dias de hoje, eu diria não apenas para o sucesso, mas para a sobrevivência num mundo cada vez mais dinâmico e acelerado. Inovar é preciso, pensar de forma diferente também, nem que para isso você tenha que remar contra a maré.
O racionalismo é, para Rand, o grande ganho do ser humano, que permite guia-lo ao progresso. No livro, Rand contrapõe razão à força, mostrando que não são os músculos os responsáveis pelos grandes empreendimentos da humanidade e sim, a mente racional. A mente racional é que vislumbra e projeta os grandes empreendimentos. Todos os protagonistas são pessoas dotadas de grande inteligência, pela qual fizeram sua fortuna e foram responsáveis pelo desenvolvimento da humanidade, D.Taggart, os trens da companhia Taggart, Rearden cria o metal Rearden e Galt, o mais inteligente de todos, lidera a revolução individualista.
Das virtudes expostas por Rand, a que causa mais estranhamento ao senso comum é a do egoísmo. Juntamente com o individualismo, estes podem ser definidos pela frase lema da ilha de Galt no livro: “Juro, por minha vida e meu amor, que jamais viverei por outro homem e nem pedirei a outro homem que viva por mim.”. O que está posto nesta frase é que a meta da vida de cada homem é sua felicidade e, para isso, ele deve procurar seus meios para alcançá-la, sem esperar que nenhuma pessoa seja responsável por dar-lhe a felicidade. Não significa desconsiderar o Outro, pois nossa existência é construída com o Outro, logo esse é valorizado, na medida em que é importante para nós. A ideia fica bastante simples, exemplificada pela vida comum, na qual é normal valorizarmos mais as pessoas que amamos, como pais, irmãos, cônjuges, do que estranhos.
No início, os personagens principais são pessoas talentosas e produtivas e, com isso, obtém o fruto de sua produção: dinheiro e sucesso. Porém, no decorrer da trama, usando de manobras políticas, os antagonistas conseguem fazer com que tais personagens carreguem todo o fardo do mundo e vejam o fruto de sua produção parar nas mãos de terceiros. Os antagonistas se dividem em grupos de pessoas preguiçosas ou sem talento ou corrompidas, que buscam formas de dominar o poder governamental e viver à custa do trabalho de outras pessoas. Para isso, usam como camuflagem o discurso do altruísmo, que tem como base a premissa de que “o indivíduo deve trabalhar para o bem de todos”.
Podemos, neste momento, ver uma relação com a moral dos fracos de Nietzche, para o qual o fraco fez o forte se sentir culpado de sua força. O exemplo marcante disso é o Hank Rearden, um empresário que havia feito sua fortuna através de seu trabalho. Rearden sofre no seio de sua família, que o condena por só pensar em suas empresas e despeja sobre ele a obrigação moral de sustentá-los. Rearden se vê confuso por tal discurso e sente-se obrigado a atender as vontades de seus familiares, mãe, esposa e irmão, todos improdutivos. Rearden só é liberto quando do seu encontro com D´Ancônia. O jovem empresário mostra para Rearden que o que sua família considerava mal, na verdade, eram suas grandes virtudes.
Conclusão:
Esse livro nos ensina política por meio de ficção, tem coisa melhor que isso?