Você Conhece a História dos Mosaicos de Caquinhos?
Você Conhece a História dos Mosaicos de Caquinhos?
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Mas o belo é contagiante e a solução começou a virar moda em geral e até jornais noticiavam a nova mania paulistana. A classe média adotou a solução do caquinho cerâmico vermelho com inclusões pretas e amarelas.

Você conhece a história dos mosaicos nas casas de caquinhos vermelhos?

Conta-se que nos anos 40 havia em São Paulo duas grandes indústrias cerâmicas onde produziam uma peça de cerâmica medindo geralmente 20×20 na cor vermelha de menor valor mas também amarelas e pretas.
 
Essas cerâmicas eram utilizadas nos comércios e nas casas de classe média e alta. Contudo com as técnicas de produção bem como a forma de distribuição na época, muitas se quebravam e eram descartadas e enterradas em vários aterros próximos a essas cerâmicas.
 
Bastante comuns na época havia próximo dessas fábricas as casas dos trabalhadores dessas empresas onde muitos dos funcionários não tinham condições financeiras viáveis pra cimentarem e ou utilizarem esses produtos que fabricavam nos seus próprios quintais.
 
Reza a lenda que um dia um dos funcionários pediu esses caquinhos, sendo prontamente atendidos haja visto que não tinham valor comercial além de gerar custo o seu descarte. Assim feito o funcionário passou a assentar esses caquinhos vermelhos em seu quintal e vez ou outra utilizavam também os caquinhos amarelos e pretos formando uma espécie de mosaico.
 
A ideia logo foi sendo propagada e cada vez mais pessoas ao verem o resultado passaram a fazer o mesmo em suas casas.
 
Conta a história que em pouco tempo a procura foi tanta que algumas cerâmicas vendo ai um nicho de negócio passaram a vender esses caquinhos antes descartados e agora a valores bem maiores.
 
Mas o belo é contagiante e a solução começou a virar moda em geral e até jornais noticiavam a nova mania paulistana. A classe média adotou a solução do caquinho cerâmico vermelho com inclusões pretas e amarelas. Como a procura começou a crescer, a diretoria comercial de uma das cerâmicas, descobriu ali uma fonte de renda e passou a vender, a preços módicos é claro, pois refugo é refugo, os cacos cerâmicos.
 
O preço do metro quadrado do caquinho cerâmico era da ordem de 30% do caco íntegro (caco de boa família). Até aqui esta historieta é racional e lógica, pois refugo é refugo e material principal é material principal. Mas não contaram isso para os paulistanos e a onda do caquinho cerâmico cresceu e cresceu e cresceu e – acredite quem quiser – começou a faltar caquinho cerâmico que começou a ser tão valioso como a peça íntegra e impoluta.

Ah, o mercado com suas leis ilógicas, mas implacáveis… Aconteceu o inacreditável. Na falta de caco as peças inteiras começaram a ser quebradas pela própria cerâmica. E é claro que os caquinhos subiram de preço, ou seja, o metro quadrado do refugo era mais caro que o metro quadrado da peça inteira.

A desculpa para o irracional (!) era o custo industrial da operação de quebra, embora ninguém tenha descontado desse custo a perda industrial que gerara o problema, ou melhor, que gerara a febre do caquinho cerâmico.

De um produto economicamente negativo passou a um produto sem valor comercial, depois a um produto com algum valor comercial, até ao refugo valer mais que o produto original de boa família.

A história termina nos anos 1960 com o surgimento dos prédios em condomínio e a classe média que usava esse caquinho foi para esses prédios e a classe mais simples ou passou a ter lotes menores (4×15 m) ou foi morar em favelas.

A solução do caquinho deixou de ser uma solução altamente valorizada. São histórias da vida que precisam ser contadas para no mínimo se dizer: – A arte cria o belo, e o marketing tenta explicar o mistério da peça quebrada valer mais que a peça inteira…

A ideia se espalhou da capital pro interior paulista chegando também em nossa querida Jundiaí. Assim nascia as casas com caquinhos vermelhos tão comuns em nossa cidade até hoje.
 
A História nos traz lembranças, cheiros e sabores e garanto que até aqui você já se pegou lembrando da casa de seus avós, daquele tio que visitava ou das tardes nas casas dos vizinhos com seus amigos.

Uma menção necessária

Após muitos comentários e conversas com colegas que entendem muito mais de arte do que eu, resolvi acrescentar um intertítulo para corrigir um erro de anos do meu site.

Claro que, para citar os caquinhos aqui de São Paulo, é legal e importante falar de um arquiteto catalão que fez história por usar esse tipo de material. Estamos falando de Antoni Gaudí (1852-1926).

Conta sua história, que ele pedia para que os operários que trabalhavam na obra do Parque Güell, em Barcelona, que recolhessem pelo caminho cacos de cerâmica e objetos descartados pela população que tivessem alguma utilidade em seu trabalho.

Foi com esses restos da sociedade catalã que ele inventou uma técnica conhecida como trencadís (do catalão trencat, que signifca quebrado, por usar cacos). Ela marcou definitivamente o modernismo catalão, movimento que, entre 1880 e 1930, renovou a arquitetura, o design, a pintura e a escultura.

Teria sido Gaudí uma inspiração aos operários que criaram nossos pisos de caquinhos? Acho bastante improvável, mas fica esse mistério no ar para todos nós!

Adaptado de um texto da Internet.
Anderson Muraro Vanini.
 
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Elis Salles - Jundiaí - Itupeva
A palavra que me representa bem é empreendedora, atualmente estou administrando o Espaço Comercial Villa Medeiros com Salas Comerciais e Coworking e investindo no Refúgios no Interior de SP. Algumas atividades agregam minha trajetória profissional como empresária no mercado imobiliário durante 15 anos (2005-2020), Corretora de Imóveis (Creci f-68203), Avaliadora de Imóveis (Cnai 22634), escritora e consultora imobiliária.

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